quarta-feira, 9 de setembro de 2009

É PROIBIDO SENTIR

Não sei se você já ouviu assas palavras, se não forem exatamente assim, acredito que cheguem perto disso: “nessa vida (mídia em geral), nada se cria, tudo se copia”. Essa é uma das razões do crescimento da massificação das coisas. Logo, a arte e tudo o que lembra arte, acaba perdendo o seu real valor, por exemplo, o de ser contemplada, admirada. Pois já surgiram tantas outras coisas parecidas com arte que já nem mais paramos para observá-las e, com isso deixamos de apreciar a sua beleza e sentir a sua emoção.
Vi, já há algum tempo, um filme que tem como título “Equillibrium”, nele o planeta Terra passa por uma “transformação”. Um grupo de “loucos” passam a “dominar” os sentimentos das pessoas. Neste lugar é proibido ter qualquer tipo de sentimento ou emoção, caso contrário, são mortos. Não exitem bibliotecas; ninguém tem acesso a qualquer tipo de livro; não existe um museu de arte com quadros em exposição, um cinema, teatro, nada que faça a pessoa sentir, se emocionar, pensar ou coisa parecida.
O filme é interessante, até que um dos soldados, que foi como os outros; preparados para matar qualquer pessoa que fosse flagrado lendo, ou admirando uma obra de arte, é morto quando foi descoberto um local onde ele escondia livros, quadros e muitos outros tipos de arte. Ele era uma pessoa que admirava a arte e não podia viver sem ela e preferiu morrer a passar a vida sem “sentir”. Vale a pena assistir.
Não sei se já estou falando besteira, mas aqueles que têm o “poder”, não querem que a base da pirâmide raciocine, pense, criem coisas novas, daí o porquê apresentam sempre as mesmas coisas.
Em uma palestra que realizei eu dizia que se nós fizermos sempre as mesmas coisas, acabaremos por nos cansar e que é necessário criar coisas novas.
Mais uma historinha:
Havia uma praça, era primavera e as árvores estavam frondosas, o jardim estava florido, era a coisa mais linda. Ali, em um cantinho, um pobre mendigo cego. Ao seu lado uma placa onde se lia: SOU CEGO. No chão uma caixinha com algumas míseras moedas. Passava por ali um rapaz que vê as poucas moedas, lê o que está na placa e em seguida escreve alguma coisa nela e vai embora. Mais tarde o mesmo rapaz passa pela praça e vê que a caixinha do mendigo está cheia de dinheiro. O mendigo cego percebendo que era a pessoa que havia passado por ali disse: Foi o Senhor quem esteve aqui mais cedo? – sim. Disse o rapaz. – O senhor escreveu alguma coisa na minha placa? O que foi? Perguntou o Cego. E o rapaz disse: Bem, eu só escrevi: “CHEGOU A PRIMAVERA E NÃO POSSO VÊ-LA”.
É fácil entender, não é?
Ele disse ser cego de uma forma que tocasse nas pessoas a ponto delas se sensibilizarem.
Dizer: SOU CEGO todo mundo diz.
Nós vamos criar coisas novas se tivermos mais informações, porém se nos empurram sempre as mesmas coisas, como faremos?
A massificação da arte está deixando tudo muito igual, sem emoção, sem valor. Em muitos casos não está mais valendo a pena parar para apreciá-la. É sempre a mesma coisa.
Hork heimer e Theodor Adorno escreveram:
“A cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. O cinema o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada setor é corrente em si mesmo e todos o são em conjunto. Até mesmo as manifestações estéticas de tendências opostas entoam o mesmo louvor do ritmo do aço... A técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia diferença entre a lógica da obra e a do sistema social”.
Quanto menos informação... Muito menos criação, ou nenhuma.

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