terça-feira, 25 de agosto de 2009

CRÔNICA DE UM CAMPEÃO

“NO FINAL, NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO”.

29 de agosto de 2004, último dia dos Jogos olímpicos de Atenas, a última e mais tradicional prova nos Jogos Olímpicos e também a última tentativa de um brasileiro, e só podia ser um legítimo brasileiro, para, quem sabe, deixar seu nome escrito para sempre nos “pergaminhos” da história Olímpica. Seu nome: Vanderlei Cordeiro de Lima, aparentemente “inofensivo”, também “ignorado” pelos outros corredores.

Foi dada a largada, e onde está Vanderlei? Você consegue enxergá-lo? Eu também não, mas... Não tem problema! Só sei que ele está aí nesse, “bolo” de homens fantásticos, e minha obrigação é continuar torcendo: vamos lá Vanderlei!

Ops!..., Quem é aquele que já começa a despontar dentre todos? É ele mesmo? Vanderlei? E é só a metade da prova (que tem 42 quilômetros). “Acho que ele não vai conseguir” – penso, pois faltam muitos quilômetros e, além do mais, nós nunca tivemos sequer um brasileiro tendo uma boa colocação nas maratonas Olímpicas. Mas tudo bem, vou continuar fazendo o que todo o brasileiro está fazendo agora: Torcendo. Vamos lá Vanderlei!

Puxa vida, que pena! É o intervalo comercial e eu estou assistindo a corrida pela TV aberta, não tenho assinatura de TV a cabo,... Tudo bem, são aproximadamente 4 minutos de intervalo, então, o que poderia acontecer ao nosso Vanderlei em apenas quatro minutos de comercial? E, olha que legal, ele está a nada mais nada menos com 42 segundos de vantagem com relação ao segundo pelotão! Isso em maratonas é simplesmente maravilhoso, logo, estou tranqüilo.

Oba! O intervalo terminou e já posso ver novamente as imagens da corrida diretamente de Atenas e..., Não acredito..., Só pode ser brincadeira! O que é que esse louco fez? “Fanático, miserável, infeliz”... Fora outros adjetivos que ele deve ter recebido dos mais de 180 milhões de brasileiros.

Fiquei chateado: Ele, o nosso Vanderlei, foi perdendo rendimento... Olha lá! Perdeu a sua primeira posição para o... Quem é ele mesmo? Deixa pra lá. Perdeu também a segunda posição, para o..., Qual o nome dele mesmo? Esquece, Deixa.

O mundo assistia às imagens que se repetiam do Irlandês fanático “tirando” o nosso atleta da “jogada”, e eu percebi que todas as atenções não estavam nos outros dois corredores, e sim nele, no nosso Vanderlei... Que legal, ele teria sim o seu nome escrito nos “pergaminhos” da história Olímpica. Iupi! Vamos lá Vanderlei!

E ele entra no Estádio... Ouçam a multidão o aplaudindo, espera aí, ele não é o terceiro colocado? Mas até parece o primeiro. Agora entendo o que Jesus quis dizer: “Os últimos serão os primeiros”. E ele aparece como o primeiro. Em uma maratona onde temos centenas de competidores, só são entregue medalhas ao primeiro colocado, ao segundo e ao Vanderlei, o “último” dos três, mas que se tornou o primeiro na concepção da maioria.

Valeu Vanderlei! Receba os aplausos de todos os brasileiros e do mundo! E aos outros... Que outros?... Será que esqueci de alguém?...Não, não esqueci.
E EM PRIMEIRO LUGAR, O BRONZE!
Fotos extraídas de:

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