terça-feira, 25 de agosto de 2009

Fora de USO


Não há nada mais digno para o homem do que o seu trabalho. E, sem o mesmo, ele é considerado inaceitável, um nada.
Na verdade, não importa o que ele venha fazer, desde que se sinta útil.
Conheço uma pessoa que trabalhou sua vida toda.
Começou ainda garoto.
Depois de casado, comprou um velho caminhão, enchia-o de caixas de madeiras e, todos os dias, ainda de madrugada, com seu fiel escudeiro, se dirigiam ao Ceasa, no Rio de Janeiro. Foram anos e anos fazendo isso. Era a sua profissão.
Tive a oportunidade de conhecê-lo e o que percebi é que ele tinha prazer de fazer tudo aquilo todos os santos dias.
Nunca vi tanta alegria em desempenhar a sua missão, pois é assim que classifico o que cada um de nós veio fazer aqui neste mundo. Uma missão. Não importa se a missão é pequena ou grande, mas que seja executada com prazer.
Mas a vida é “ingrata” e logo o tempo passou – e passou muito rápido -, e não existe ser humano na terra que consiga parar o tempo. Não foi diferente para este meu amigo, ele não conseguiu “brecar” o tempo e ele envelheceu.
A soma disso tudo são: vistas cansadas, fadiga e tantas outras coisas.
Resultado?
Ele teve que deixar aquilo que ele mais amava fazer: trabalhar.
Agora o que vejo?
Uma pessoa triste – isso por um bom tempo até ele ter se recuperado. Parecia que tinha perdido a vontade de viver, seu semblante era de tristeza, até ficou doente.
Vendeu o velho caminhão que, por longos anos, foi seu companheiro e que lhe proporcionou sustentar sua casa, esposa e nove filhos.
Hoje ele continua “vivendo”, mas com um “que” de saudades dos velhos tempos, do velho caminhão, das madrugadas, carregando-o de caixas e o mesmo trajeto de sempre em direção ao Ceasa. Mas o fiel escudeiro continua até hoje do seu lado.
É, realmente, o trabalho dignifica o homem.
Não é necessariamente obrigatório ter uma profissão, desde que estejamos “dentro”, ou seja, na ativa e não fora, é isso o que importa.
Muitos, em o nosso país, estão como este meu amigo, estão completamente fora, descartados, inúteis, fora de uso.
Fazer o quê?
Para isso caminha a humanidade.
Imagem extraída de:
http://fonorientando.wordpress.com/2009/05/27/208/

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